Talvez porque o amor tenha sido considerado mais importante na vida da mulher do que na do homem, sobretudo se este homem for um cientista, e não um poeta, a origem do Livro Vermelho, de Jung, foi mais associada à sua intuição sobre a Primeira Guerra, à sua ruptura com Freud, a uma intensa mobilização interior, que ele próprio julgou ser psicótica, do que a um conflito amoroso de proporções gigantescas, como percebeu Maria Helena R. Mandacarú Guerra.
No Livro Vermelho, Jung demonstra de maneira impressionante a seriedade com que trata seu mundo interior, sua formidável capacidade de dialogar com figuras de sua imaginação e de estabelecer um corpo teórico a partir de suas experiências. No entanto, tentar acompanhar seu processo sem inserir nele sua história, seu drama, seu amor, gera um confinamento a uma dimensão puramente mental, racional, mesmo que se empreenda o estudo de símbolos os mais profundos.
O que Jung traz no Livro Vermelho contém vida, emoção, paixão, dor e uma imensa culpa, daí ser fundamental termos consciência da importância do amor em sua vida. Em sua genialidade, Jung apresenta a alma como ela é e como a vivenciou: multifacetada, confusa, caótica, numinosa, transcendente. O amor levou Jung a descobrir o arquétipo da anima, e ele o conduziu ao inferno e ao céu.
Avaliações
Não há avaliações ainda.